26.01.21, sp, 16:09
caderno 1, notas
Chegou hoje a autobiografia do malcom x. Já há algum tempo eu queria ler + sobre ele, e depois do filme one night in miami essa vontade foi finalmente materializada (the autobiography of malcom x, as told to alex haley, amazon, R$38,01).
O processo da educação é um movimento contínuo.
Sinto vontade de sair na rua apenas para ver gente. Não quero interagir, nem conversar. Quero ver gente. Observar a pulsão de vida que há nas ruas, a diversidade, o mar de rostos nunca iguais (a cidade parece ser sempre composta por rostos diferentes a cada dia, mas a massa urbana, na sua renovável heterogeneidade de personalidades, é sempre a mesma).
[alguém está furando paredes no prédio]
Caminhar na rua parece alimentar em mim uma espécie de necessidade psíquica por humanidade.
Como um lembrete de que este mundo é habitado por muitos de nós, e esse mundo é visto apenas pelos olhos de cada um, pois a nós cabe o nosso papel, mas que não é a visão individual quem faz o mundo, e sim o conjunto das visões, das vozes, das gentes. Ao mesmo tempo em que nós somos testemunhas deste mundo enorme, nós somos, também, agentes neste mundo. Nossas ações importam na realidade, ainda que o impacto seja pequeno (afinal, nós somos pequenos). A soma de todas as ações constrói a realidade — e justamente por isso o mundo é plural.
A ideia de um mundo conservador é uma antítese do próprio mundo. Tudo está em constante renovação; conservar, nesse sentido, é retroceder. As tradições nada mais são do que inovações ultrapassadas. Nada é, “porque sempre foi”. Tudo é, porque um dia não foi, até ser. Tradições são elementos históricos, e a história é, necessariamente, humana (pois praticada pelos homens — marx?). Se os homens são contraditórios (e eles são), a história é contraditória, e também são as tradições.
Romper com o tradicional é apenas o movimento natural da humanidade. É por isso que se equivocam aqueles que, invocando deuses, julgam antinatural a mudança. Antinatural é a permanência em um mundo de efemeridades — freud?. Nesse mundo de rostos distintos, forças opostas são a constituição da realidade. Não é a diversidade que separa, mas o homem conservador que rejeita todo rosto diferente.
A revolução é o estado natural dos homens. É na multidão que se forma o mundo.